Bom, primeiramente, vamos contextualizar um pouco o assunto, entendendo de maneira simples o que é um raio. Raio é uma descarga elétrica de grande intensidade, oriunda de regiões eletricamente carregadas, que são dissipadas em um processo que dura alguns milissegundos.
A energia fornecida por ele equivale a, em média, 500 KWh. Olhando de maneira integral, é relativamente pouca quando comparamos ao próprio consumo das nossas casas, porém a quantidade média da incidência desses raios, anualmente, é grande.
Agora, respondendo a pergunta feita no título, em teoria é possível sim, armazenar energia proveniente dos raios, mas em termos práticos ainda não temos tecnologia suficiente para absorver em grandes quantidades.
A única pessoa que obteve êxito foi o cientista Steve LeRoy da Universidade de Harvard, que inventou um sistema capaz de captar e armazenar energia de um raio. Porém, seu aparelho só conseguiu absorver energia suficiente para manter uma lâmpada de 60W ligada durante 20 min. Convertendo esse valor para a unidade que medimos nosso consumo (kWh), foram exatamente 0,02 kWh.
Pelo o fato de ter sido apenas um teste, similar à uma amostra do que seria, o sistema é relativamente pequeno, sendo assim, um modelo com as mesmas dimensões, mas extrapolando as suas grandezas é possível que valores mais expressivos de energia sejam resgatados de um único raio.
No Brasil, este tipo de tecnologia poderia ser uma fonte promissora de matriz energética, o que nos possibilitaria entre outras coisas exportar grandes quantidades de eletricidade. A explicação para isso é que o Brasil é o país do mundo em que mais se registram tempestades elétricas. Por ano, são cerca de 60 milhões de raios atingem o nosso território.
Além da dificuldade de criar algo que consiga captar a energia do raio, a principal questão é conseguir armazenar essa energia, pois atualmente é considerado o maior gargalo da geração intermitente de fontes renováveis. O motivo disso é que geralmente, toda energia que é gerada, é transmitida e, rapidamente, distribuída.
A tecnologia feita por Steve tem pontos bastante positivos, mas não sei até que ponto alguém bancaria os gastos de colocá-la em prática, tendo em vista a imprevisibilidade dos raios. Logo, essa incerteza torna-se o investimento arriscado, também pelo motivo de que nós não conseguimos armazenar energia em grandes quantidades para suprir demandas diárias dos consumidores.
Por exemplo, no mês de junho o Brasil teve alta frequência de descargas elétricas, sendo que passou cerca de 3 meses com pouca incidência de raio no país, com isso, não conseguimos suprir as necessidades durante esse período de escassez.